segunda-feira, 30 de outubro de 2017



 

O DIVÓRCIO, A LEI E JESUS


                                                                                                                              Por Walter L. Callison

O divórcio e um novo casamento são tópicos de muita discussão. O propósito deste artigo é inspirar o leitor a considerar a atitude da igreja frente a um novo casamento em vista do real sentido de termos originais hebraicos e gregos que definem corretamente a diferença entre “repúdio” e “divórcio”. “A lei veio por meio de Moisés, mas a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (João 1:17).Receberão graça os que estão sofrendo a tragédia matrimonial, como descreve a lei no Novo Testamento? Afirmamos que a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo! Então, como superabundará a graça àqueles que têm sofrido a tragédia de um fracasso matrimonial e um subseqüente divórcio?
Cristo não só ensinou com palavras, mas também com Sua vida. Ele deu novas idéias a Seus seguidores, rejeitou o antigo ditado popular de “olho por olho” realçando o amor, não a si mesmo, mas ao semelhante, tirando a mulher da condição de “objeto” para ser reconhecida como pessoa. Ele também ensinou a respeito da velha lei judaica.
Quando estudamos o que Jesus disse a respeito do divórcio, devemos também estudar a vida que Ele viveu junto com os que tinham matrimônios desfeitos, bem como o que ensinou sobre a lei judaica, especialmente no que se refere à lei do divórcio. Mas, o que há acerca de Suas palavras? Se uma pessoa divorciada se casa novamente, o que dizem suas palavras? “Todo aquele que repudiar sua mulher e se casar com outra, adultera; e aquele que se casar com a repudiada pelo marido, também adultera”. Podemos imitar a natureza compassiva e misericordiosa de Cristo, que enviou a mulher do poço de Jacó para Samaria a fim de que Dele testemunhasse. Mas Suas palavras acaso negam suas ações? Acaso as pessoas divorciadas que voltam a desposar alguém viverão por isso em adultério? Estarão proibidas, desse modo, de servir a Cristo?
Também precisamos dar ouvidos às palavras do apóstolo Paulo em I Timóteo 3:2 (“Mas é necessário que o ministro seja irrepreensível, marido de uma só mulher. . .”). O texto fala de uma pessoa que se divorciou e se casou novamente? Neste aspecto, Lucas faz somente um comentário muito conciso: “Porém, mais fácil é passar céus e terra, que se mude ou tire um só til da lei. Todo aquele que repudiar a sua mulher e se casar com outra, adultera; e aquele que se casar com a mulher repudiada, também adultera” (Lucas 16:17, 18).
Ele é conciso. Mas Jesus deixou claro que o Velho Testamento tinha algo significativo a dizer. Quando questionado pelos fariseus no evangelho de Marcos “se era lícito um marido repudiar a sua mulher” (Mar. 10:2) Jesus respondeu: “O que ordenou Moisés?” (Mar. 10:3). Eles responderam: “Moisés permite dar carta de divórcio e repudiá-la” (Mar. 10:4). Existia uma lei.
A lei se encontra em Deuteronômio 24:1-4 e era nesse contexto que Jesus vivia. Flávio Josefo, que também viveu nessa ocasião, referiu-se a ela como a “lei dos judeus”: “Aquele que deseja divorciar-se de sua esposa por qualquer razão (e em muitos casos isso ocorre com o homem) é permitido dar testemunho por escrito que não voltará a casar-se com aquela mulher. Portanto, ela estará em liberdade de se casar com outro homem. Contudo, antes dessa carta de divórcio ser-lhe dada, a ela não se permitirá casar novamente. . .” (Antigüidades dos Judeus, “The Life and Work of Flavius Josephus”, Livro IV, Cap. VIII, Sec. 23, pág. 134; trad. The Woman. Whiston; Holt, Rinehart e Wiston, N.Y.).
Eis a lei de que trata Deuteronômio: “Quando algum homem tomar um mulher e se casar com ela e não se agradar por haver achado nela algo indecente, lhe escreverá uma carta de divórcio e entregará em suas mãos, e a mandará embora de casa. E saindo de sua casa, poderá casar-se com outro homem” (Deut. 24: 1 e 2).
A lei ainda vigorava ao tempo de Cristo. Portanto, devemos tratar com os “códigos da lei”. A Bíblia fala unicamente de um divórcio. Deus disse e o fez. Em Jeremias 2, Deus lembra a Judá que estava procurando problemas. Israel havia sido levado cativo. Deus disse a Jeremias que prevenisse Judá de que havia testemunhado a infidelidade de sua irmã Israel, e que Deus havia despedido e dado carta de divórcio a ela, e nem assim se arrependera (Jer. 3:6-8). Houve outras coisas que os homens fizeram com suas esposas. Muitos homens se casavam com mais de uma mulher e não se incomodavam em pensar em divórcio. Alguns foram servos de Deus: Salomão, Davi, Abraão e Esaú, por exemplo. Heróis das revoluções de Deus, mas também produto de suas culturas.
Se eles não se divorciavam, que faria um homem de sua época com sua esposa, quando resolvia casar com outra? Deixava-a de lado? Há uma palavra para isso no Velho Testamento, o termo hebraico shalach. É diferente da palavra hebraica para divórcio, que é keriythuwth, e que significa literalmente “incisão”, “corte do vínculo matrimonial”. O divórcio legal foi escrito como se pede em Deuteronômio 24, e o novo matrimônio permitido, shalach, é normalmente traduzido como “repudiada”. As mulheres eram “repudiadas” quando seus maridos se casavam com outras mulheres, repudiadas para estarem disponíveis se alguém delas necessitassem ou as quisessem. Repudiadas para serem daí simples propriedades, como escravas, ou repudiadas em total isolamento. Aquele foi um tempo cruel para a mulher. Elas eram repudiadas para favorecimento a outra mulher, mas não lhes era dada carta de divórcio e, conseqüentemente, tampouco tinham o direito de se casar novamente. Esta palavra descreve uma tradição cruel e comum, mas contrária à lei judaica.Algumas das injustiças e do terror experimentado por mulheres que foram “repudiadas” podem ser vistas nesta palavra hebraica shalach, descrita no Langenscheid Pocket Hebrew Dictionary (McGraw-Hill, 1969), que assim expõe:

A fé cristã tomou raízes e floresceu numa atmosfera quase totalmente pagã, onde a crueldade e a imoralidade sexual eram tomadas como presentes e direitos e onde a escravidão e a inferioridade da mulher eram quase universais, enquanto que a superstição e as religiões rivais com toda classe de falsas reivindicações existiam em todo o mundo.

Deus não gostava que “fossem repudiadas”. O profeta Malaquias com seu coração quebrantado instou com o povo de Deus para deixar essa prática. Ouçam Malaquias a implorar com eles. A palavra traduzida por “repudiando” em Mal. 2:16 não é a palavra hebraica para “divórcio”, que é shalach (repudiar): “E direis: Por que? Porque Jeová tem testificado entre ti e a mulher da tua juventude, contra a qual tens sido desleal, sendo ela tua companheira e a mulher do teu pacto. Não os fez um, havendo abundância de espírito? E por que um? Porque buscava uma descendência para Deus. Guardai, pois, em vossos espíritos e não sejais desleais”.
Mas Jesus veio, e Suas palavras não negaram Suas ações. Ele falou disso quando declarou: “Todo o que repudiar sua mulher, e se casar com outra, adultera; e o que se casa com a repudiada, adultera” (Luc. 16:18). Todo o que assim fizer, comete adultério! Esta prática era cruel e adúltera, mas não era o divórcio.
O termo do Novo Testamento traduzido na versão King James como “repudiar” é uma forma da palavra grega apoluo. Este é o termo em grego, língua do Novo Testamento, semelhante ao hebraico shalach (deixar, ou repudiar). Existe uma palavra hebraica no Velho Testamento para divórcio, keriythuwth, e uma palavra grega do Novo Testamento, apostasion. O Arnd’t Gingrich Lexicon, do Novo Testamento, cita o uso da palavra apostasion como termo técnico de uma carta ou escritura de divórcio que remonta a 258 AC. Apoluo, termo grego com o sentido de “deixar de lado” ou “repudiar”, não significa tecnicamente divórcio, apesar de amiúde ser usada sinonimamente. Naquela era de total domínio masculino, os homens geralmente tomavam outras esposas e não davam carta de divórcio quando as abandonavam, e casavam-se com outras. A lei judaica que requeria carta de divórcio (Deut. 24:1, 2) era por demais ignorada. Se um homem se casasse com outra mulher, o que importava? Se um homem “repudiava” (apoluo) sua esposa e não se incomodava em dar-lhe carta de divórcio, quem iria se opor? A mulher?
Jesus tinha algumas objeções a isso. Ele disse: “É mais fácil que passem os céus e a Terra do que não cumprir-se um til da lei” (Luc. 16:17). E disse mais: “Todo aquele que repudia a sua mulher e se casa com outra, adultera; e aquele que se casa com a mulher repudiada, adultera” (Luc. 16:18).
A diferença entre “repudiar” e “divorciar”, entre o grego apoluo e apostasion, é séria. Apoluo indicava que a mulher era escrava, repudiada, sem direitos, sem recursos, desprovida do direito básico do matrimônio monogâmico. Apostasion significava que o casamento havia terminado, o que permitia um matrimônio legal subseqüente. No papel existe a diferença. E a mulher que havia saído de casa, podia ir-se e casar com outro homem (Deut. 24:2). Essa era a lei. Como começamos a ler “todo aquele que se divorcia de sua mulher” nos lugares onde Jesus literalmente disse: “todo aquele que repudia ou abandona a sua mulher?" Existem outras passagens, além de Lucas 16: 17, 18, em que Jesus tratou deste assunto. Tais passagens incluem Mateus 19:9, Marcos 10:10-12 (onde é dito que Jesus deixou firmada a mesma lei para homens e mulheres), e em Mateus 5:32. Jesus empregou uma forma da palavra apoluo 11 vezes e em todas elas proibiu o apoluo--repúdio. Ele nunca proibiu o apostasion, carta de divórcio, requerida pela lei judaica.
Deveria a palavra grega apoluo traduzir-se como divórcio? Kenneth S. Wuest, na sua tradução ampliada do Novo Testamento, sempre traduziu “repudiada” ou “deixada”, mas nunca “divorciada”. A versão antiga e literal da American Standard Version (em inglês) sempre traduziu como “deixar”. A versão King James traduz “deixar”, e Jesus a emprega umas onze vezes. O número onze parece ser a fonte do problema. Em 1611, os tradutores da King James num trecho grafaram “divorciada” em lugar de “repudiada”, ou “posta de lado”, ou “deixada”. Em Mateus 5:32 escreveram “e todo aquele que se casar com uma mulher divorciada comete adultério”. A palavra não é o termo grego apostasion (divórcio), mas uma forma da mesma palavra grega apoluo a qual não inclui a carta de divórcio para a mulher. Ela, tecnicamente, ainda estaria casada.
Mateus 19:3-10 fala que os fariseus perguntaram a Jesus sobre este assunto, dizendo: “Assim, que não sendo dois, mas uma só carne; portanto, o que Deus uniu, não o separe o homem” (vs. 6).
Eles então perguntaram: “Por que Moisés ordenou que se desse uma carta de divórcio (apostasion) ao repudiar a mulher?” (vs. 7). Jesus replicou: “Por causa da dureza dos vossos corações” (vs. 8). O primeiro direito humano básico que Deus nos concedeu foi o de nos casarmos.Nenhuma outra companhia era adequada. Os direitos humanos estavam dirigidos só para os homens nesses dias. Jesus mudou isso. Ele requereu obediência à lei e direitos iguais no matriônio para a mulher. A graça superabunda em Cristo.
Jesus disse àqueles homens que, quem repudiasse a sua esposa e se casasse com outra, cometia adultério! ADULTÉRIO!!! A lei (Deut. 22:22) se refere à pena de morte como castigo para o adultério, tanto para o homem quanto para a mulher. Esse era um fato amargo para os homens que faziam com suas mulheres o que bem queriam. Mat. 19:10 nos dá a saber o seguinte: Se é essa a condição do homem com sua mulher, não convém casar-se”. Eles não viviam numa cultura em que se esperava que o homem vivesse com uma só mulher pela vida toda, que direitos iguais fossem dados caso o casamento não perdurasse.
Como começamos a ler “a todo aquele que se divorcie de sua mulher” naquelas citações em que Jesus diz literalmente: “a todo aquele que abandone ou repudie a sua mulher?”
Parece que o lugar onde constava apoluo foi traduzido erroneamente por “divórcio” e em 1611 começou todo o processo. A Versão Americana Stardard corrigiu o erro em 1901. Não chegou a ser suficientemente popular para fazer muita diferença. Wuest foi cuidadoso em evitar citações erradas como temos notado acima. Mas quase tudo o que tem saído do prelo tem sido influenciado pela Versão Bíblica King James, e ainda os léxicos gregos e tradutores mais modernos parecem ter-se deixado influenciar pela ocorrência da tradução de apoluo como “divórcio, ainda quando o significado da palavra não inclui um divórcio escrito (apostasion). Isso, por tradição, nos é ensinado a ter em mente, ainda que nossos olhos leiam “repudiar” na Versão King James. Seria o divórcio escrito a solução para a prática cruel de “repudiar’, como indica Deuteronômio? O Capítulo 24 de Deuteronômio é uma evidência de que tal como Deus atentou às queixas do povo no Egito e propiciou liberdade de sua escravidão, Ele também considerou as súplicas das mulheres que eram como escravas, dando-lhes liberdade do abuso por meio da trágica necessidade do divórcio; trágica porque termina com algo que nunca deve terminar-o matrimônio; necessário para proteger as vítimas daqueles que não obedecem as regras do nosso Criador, o Todo-Poderoso. Necessária originalmente porque o homem “repudiou” a mulher, colocando-a entre matrimônios ilegais, múltiplos e adúlteros.

O Divórcio é uma Tragédia!

O divórcio é um privilégio concedido como um corretivo para situações intoleráveis. É um privilégio que, contudo, pode ser abusado. Divórcio não é um quadro bonito na maioria dos casos. Solidão, rejeição, um sentimento profundo de haver falhado, perda da auto-estima, crítica de familiares, dificuldades para cuidar dos filhos e muitos outros problemas que defrontam os divorciados.
O divórcio poder ser mais traumático do que a morte de um cônjuge. A morte de um esposo(a) é dura de suportar, mas um cônjuge morto não volta novamente. Como via de regra, o divorciado volta, e assim se prolonga a situação. O divórcio é, porém, ainda como ao tempo de Jesus, uma solução parcial para uma situação séria e cruel, e pode ser a única solução razoável. Pode ser necessária, mas sempre é uma tragédia! É fácil pregar contra o divórcio, mas é difícil para a igreja ser construtiva em propiciar preparo para o matrimônio. Devemos estar prontos para prevenir alguns divórcio, ajustando nossas leis de divórcio ou proibições religiosas contra o divórcio, pois tais ações não impedem o rompimento dos casamentos. Quando os pares permanecem juntos só pela preocupação com a notoriedade atraída pelas leis do divórcio, e pela “segurança dos filhos”, isto pode resultar em tragédia. Desastrosos triângulos matrimoniais, crueldade doméstica, abuso de crianças, homicídio e suicídio são algumas das conseqüências comprovadas de matrimônios falidos, mas não terminados.
Que opção mais tenebrosa! Um lar destruído é uma tragédia, mas nunca duvide de um homem jovem que ponha uma pistola na boca e termine seu matrimônio, a alternativa que encontrou para o divórcio. Sua igreja havia proibido o divórcio.
Nosso alto índice de divórcios não é o problema real. O fracasso nos matrimônios vem primeiro, e logo depois o divórcio. O índice de divórcios é somente um indício de nosso elevado índice de maus matrimônios. Para corrigir isso, devemos fazer mais do que falar contra o divórcio. Parece difícil para a igreja ser construtiva em prover preparação para o matrimônio e reforçá-lo. Nisto é que se acha nosso desafio! Pode uma pessoa divorciada ser ordenada como diácono ou pastor?
O apóstolo Paulo, um homem culto, conhecia a palavra grega para o divórcio (apostasion) e conhecia sua cultura. Ele também sabia que Cristo aceitaria qualquer um, mesmo ele, o “maior pecador” (I Tim. 1:15). É inadmissível que pastores e diáconos tenham muitas esposas, esposas escravas e concubinas. Cada uma dessas relações, que tinham o bonito título de poligamia, era adultério. Paulo rejeitava tais pessoas como líderes na igreja. O pedido da carta de divórcio em Deuteronômio 24 limitou o homem a uma só mulher e, além disso, é necessário que o ministro seja “irrepreensível, marido de uma só mulher, sóbrio, prudente, honrado, hospedeiro, apto para ensinar”. Ele rejeita a poligamia, não o divórcio.
Apesar do sério abuso, a lei do divórcio (Deut. 24) ainda tem validade. O divórcio é uma solução radical a problemas matrimoniais insuperáveis. Isto acaba com todas as esperanças de que o matrimônio deva ser conservado, e declara publicamente que está falido. O pecado relativo a essa falência deve ser confessado. “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar e purificar-nos de toda maldade” (I João 1:9). Isto também inclui o perdão para a falência do matrimônio.
Ao contrário do repúdio, a carta de divórcio, que provém da lei, provê um benefício de dignidade humana para mulheres sujeitas ao abuso cruel, poligamia adúltera, e os caprichos dos homens de coração duro. Não existe algo de tão grande impacto como “desejo divorciar-me de você”, não é verdade? O divórcio declara o término legal do casamento, e havendo qualquer situação de adultério ou bigamia, qualquer das partes pode voltar a se casar. O divórcio rompeu a aliança matrimonial e todo o controle sobre a esposa anterior. O divórcio requeria estrita monogamia e prevenia contra o término unilateral, preservando o direito fundamental de casar-se. O divórcio faz o mesmo hoje em dia. Abandono, negligência, deserção, ou como se queira chamar ao coração duro que deixa sua mulher por outra mulher, sem divorciar-se, foram estão probidos pelo Senhor Jesus Cristo (Mat. 19:9; Mat. 5:32; Mar. 10:11,12; Luc. 16:18).Por séculos, muitas das comunidades cristãs têm interpretado estes ensinamentos de Jesus como:
1. O divórcio está absolutamente proibido, ou melhor, está permitido somente no caso em que se admita ou comprove adultério.
2. À pessoa divorciada, não se permite casar novamente.
3. Uma pessoa divorciada que se case novamente, vive em adultério.
4. Uma pessoa que se divorcia não pode ser ordenada como diácono ou pastor.

Todas as pessoas que possuem estas crenças estão erradas. As três primeiras são contrárias à lei de Moisés e baseiam-se na passagem em que Jesus nem sequer usou a palavra grega apostasion, a quarta baseia-se numa passagem em que Paulo também não empregou tal palavra. A palavra que Jesus empregou foi apoluo, para “repudiar”. Este era o problema do qual tratava, não o divórcio.
Uma pessoa divorciada deve ter muita graça e determinação para servir numa igreja que adota as quatro posições acima mencionadas. Como pode ser possível isto, quando a igreja é o Corpo de Cristo na Terra, para ser e servir como a pessoa de Cristo? Cristo, que uma vez levantou a voz por Jerusalém, deve olhar para baixo e levantar a voz por nós. Ele veio e chamou a Simão, o zelote, um radical anti-romano, e Mateus, um servo rejeitado em Roma, um par de incompatibilidades tais como se pode encontrar hoje, mas os pôs para trabalharem juntos na construção de Seu Reino. Logo, eles foram para Samaria, e Jesus mostrou-Se diante de uma mulher de antecedentes de fracassos matrimoniais, e a enviou para compartilhar da revelação de Deus em Cristo, como se ela fosse como qualquer outra pessoa. Ele deve levantar a voz quando nos vê desperdiçar tempo tratando de calcular quem podemos proibir de servir em Sua igreja.
Jesus abertamente ministrava a todos que a Ele iam. Ainda muitos de nossos amigos divorciados têm medo de nossas igrejas. Entendem que o que ensinamos acerca do divórcio é o que a Bíblia indica. Podemos estar corretos em relação a nós mesmos e tão opostos a Cristo? Se assim for, estamos equivocados. Ele veio para salvar os pecadores.
As únicas pessoas que Jesus sempre rejeitou foram os que queriam justificar-se a si mesmas, os religiosos “justos”. Está correta nossa compreensão de suas palavras simplesmente porque não se harmoniza com a sua vida? As pessoas divorciadas são merecedoras de verdadeiro respeito! Por séculos têm-se excluído essa gente das congregações e do serviço, do gozo e da igualdade, até mesmo da salvação, seres humanos pelos quais Cristo morreu. Se é ou não o divórcio um pecado, esta atitude preconceituosa sem dúvida o será! Conceda-nos o Senhor Sua graça para mediar a misericórdia de Cristo para os divorciados.


L

quarta-feira, 18 de outubro de 2017


Um homem se queixava diante do sábio:- Eu sei que prejudiquei muita gente, falando mal, roubando, traindo e outras coisas mais. O que devo fazer para consertar?
- Faça o seguinte: reveja as diversas ocasiões em que você prejudicou alguém e, para cada caso, pregue um prego numa tábua e escreva ao lado o nome da pessoa prejudicada.
O homem assim fez.
- E agora, o que faço? – o homem voltou a indagar.
- A cada pessoa que você pregou um prego vá ate ela e peça perdão e, se for o caso, ressarça o prejuízo provocado. Feito isso, arranque o prego correspondente da tábua. Ao término dessa etapa, venha me mostrar o resultado.
O homem assim fez.
O sábio, ao ver a tábua livre de pregos, parabenizou o homem mas disse:
- Você percebeu que as marcas dos pregos ainda ficaram na tábua?
.
Quando afetamos negativamente alguém, mesmo que consertemos o que fizemos, sempre fica uma marca. Que pensemos bem antes de prejudicar alguém, pois o perdão não elimina as lembranças dos atos feitos.

Um Verdadeiro Amigo
Um verdadeiro amigo nos acompanha nos momentos de alegria e tristeza.
Um verdadeiro amigo  conhece nossas preferências;
Um verdadeiro amigo nos entende;
Um verdadeiro amigo está sempre disposto a nos ouvir;
Um verdadeiro amigo sabe o que nós precisamos;
Um verdadeiro amigo nos desculpa as falhas que cometemos contra ele;
Um verdadeiro amigo percebe o que sentimos;
De um verdadeiro amigo não escondemos nossos pensamentos;
Para um verdadeiro amigo pedimos coisas que não pediríamos a outras pessoas;
Um verdadeiro amigo é fiel;
Um verdadeiro amigo é confiável;
Um verdadeiro amigo é discreto;
Um verdadeiro amigo nos fornece recursos quando precisamos;
Um verdadeiro amigo nos orienta quando temos dúvidas;
Um verdadeiro amigo nos ensina como viver melhor;
Um verdadeiro amigo é  como parte de nós mesmos.
Um verdadeiro amigo nos ama de verdade;
Um verdadeiro amigo só quer o nosso bem;

Quem pode ser melhor amigo que Deus ? ( autoria desconhecida)

domingo, 1 de outubro de 2017

A verdade  por traz do feriado do dia dos Mártires no RN







FERIADO DE 3 DE OUTUBRO É INSULTO A INDÍGENAS

Por: Alípio de Sousa Filho – Professor do Departamento de Ciências Sociais da UFRN.

Causa espanto saber que a Assembléia  Legislativa do Estado aprovou por unanimidade e a Governadora sancionou lei criando o feriado estadual de 3 de outubro para culto público e oficial dos chamados mártires de Uruaçu e Cunhaú.  A lei estadual 8.913, de 6 de dezembro de 2006, é um insulto aos nossos indígenas de ontem e de hoje e um atentado aos princípios do Estado Laico. Inconcebível que seja o próprio Estado a colaborar com a igreja católica nos seus intentos de criar beatos, santos, mártires, milagres etc. e a partir de qualquer história forjada e narrada como se quer. O que se chama de massacre dos mártires de Uruaçu e Cunhaú (mártires católicos!, pois do outro lado estavam protestantes holandeses e indígenas) é fato ocorrido no século XVII e não difere de outras situações que o território brasileiro conheceu, em todas as partes, no período colonial. No fundo, o que se visa exaltar é a fé católica que, nesse mesmo período histórico, foi responsável pela morte de milhões de indígenas. Os tapuias e potiguares que habitavam a região e que, ao lado de holandeses calvinistas, figuram na narrativa construída sobre o tal martírio, que agora se visa cultuar, faziam parte da grande civilização indígena aqui existente que, pela catequese cristã e predominantemente católica, viu ser dizimados três milhões de seus integrantes nos três primeiros séculos da colonização. Que cidadãos, isolados ou em grupos organizados, queiram praticar suas crenças, organizar e participar de romarias (a cavalo, em paus-de-arara, bicicletas, motos, carros ou a pé), que as igrejas, incluindo a dos católicos, queiram difundir suas crendices, incluindo inventar milagres e os santos milagreiros, que o façam no usufruto dos direitos que são os seus. Todavia, o Estado não pode ser cúmplice do absurdo que é tornar feriado um dia da semana para culto de uma narrativa que insulta os indígenas de ontem e de hoje.Os poderes Legislativo e Executivo estaduais, com a criação do feriado de 3 de outubro, dão mostras que não praticam a laicidade exigível desses poderes no âmbito da esfera pública e estatal e confirmam que, no Brasil, o Estado, longe de ser laico, permanece vergonhosamente submetido, pelas mãos de seus dirigentes, aos ditames e interesses de igrejas e religiões. Os interesses da igreja católica (ou de qualquer outra) não podem ser colocados acima do caráter universalista que o Estado está obrigado a preservar para permanecer como esfera autônoma, independente. Esta que é a única condição do Estado poder legitimamente representar a sociedade como um todo e agir pela sua emancipação social, livrando-a do domínio de crenças sem fundamentos que se tornam obstáculos aos seus avanços culturais, sociais. No Brasil, são inúmeros os exemplos de ações das igrejas, contrariando a implementação de medidas emancipatórias pelo Estado.
Multinacional capitalista, que enriquece com a mais-valia da fé alheia explorada, mas continuamente sedenta de criar santos e milagres para a conservação do seu domínio sobre uma população pobre e abandonada à sua própria miséria (emocional, cultural, econômica), a igreja católica não pode contar com a cumplicidade dos dirigentes do Estado para realizar seus intentos. O fato representa uma tomada de posição desses dirigentes em favor de um segmento da sociedade, e apenas de um de seus segmentos, ferindo o principio da laicidade e da universalidade de valores a predominar e a ser preservado pelo Estado no âmbito das decisões político-públicas.

Se há algo a ser feito sobre o que se passou em 1645 é o Estado narrar a tragédia de nossos indígenas, vencidos pela violência, dividindo-se, em desesperadas estratégias, entre os colonizadores.

(Publicado no Diário de Natal em 25/09/2007, p.2)