terça-feira, 1 de junho de 2021

O Brasil não é do senhor JESUS

 Opinião fundamentada na bíblia 



O BRASIL NÃO  É  DO SENHOR JESUS 


Muitos pastores, sob a bandeira do slogan ‘O Brasil é do Senhor Jesus’, venderam a políticos a promessa de que seus seguidores votariam em certos partidos e em determinados políticos. Fizeram de seus ajuntamentos solenes verdadeiro curral eleitoral visando facilidades e o lucro.


O Brasil não pertence ao Senhor Jesus, assim como não pertencem os países árabes, asiáticos, etc. O Brasil não é melhor ou pior que outras nações diante de Deus, mesmo tendo estampado na moeda corrente ‘Deus seja louvado’. Neste mesmo diapasão, os Estados Unidos da América também não pertencem ao Senhor Jesus, mesmo que os americanos tenham cunhado em suas cédulas de dinheiro o lema In God We Trust (Em Deus Confiamos).


Se a Bíblia diz que Deus é louvado quando os ramos ligados à oliveira produzem fruto, não basta alguém desejar, declarar ou acreditar que Deus será louvado, ou até mesmo estampar em uma moeda dizeres em louvor a Deus, visto que somente através do fruto daqueles que foram plantados por Deus é que de fato Ele é louvado.


“Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.” (João 15.8);


“E todos os do teu povo serão justos, para sempre herdarão a terra; serão renovos por mim plantados, obra das minhas mãos, para que eu seja glorificado.” (Isaías 60.21).


Afirmar que o reino de Deus chegou ao território brasileiro, e fazer votos que o seu governo se estabeleça sobre a nação brasileira é mero proselitismo, com o objetivo de angariar seguidores, o que é diferente de fazer discípulos de Cristo. Ora, o reino de Deus chegou ao mundo a mais de 2.000 anos, e veio para todos os homens (Mateus 3.2).


O reino só será dado a Cristo quando o Pai colocar os inimigos de Jesus por escabelo dos seus pés, e não quando alguém desejar, declarar ou acreditar. De nada adianta uma marcha para Jesus, pois só a cruz de Cristo (evangelho) atrairá os homens a Cristo.


“DISSE o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés.” (Salmos 110.1);


“E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo.” (João 12.32).


A Teologia do Domínio é cepa da Teologia da Prosperidade misturado ao misticismo do movimento da Confissão Positiva, doutrina que impregnou seguimentos da teologia calvinista, e frutificou entre os pentecostais nos EUA.


O que dizer de pessoas que se dizem cristãs e lançam mão de serpentes sob o pretexto de que está escrito que, se pegarem nalguma serpente, não sofrerão dano algum (Marcos 16.18)? Esses cristãos se esquecem da regra de ouro, que diz: também está escrito! Lançar mão de uma serpente a pretexto do que está escrito é tentar a Deus, e o tal estará sujeito ao seu próprio devaneio.


“Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.” (Mateus 4.7).


Que dizer de pseudos teólogos que dizem que Deus ordenou ao homem sujeitar a terra, e citam Gênesis 1, verso 28: “Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a” (Gênesis 1.28), e se esquecem de que ‘também está escrito’ nos Salmos:


“Que é o homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites? Pois pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste. Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés: Todas as ovelhas e bois, assim como os animais do campo, As aves dos céus, e os peixes do mar, e tudo o que passa pelas veredas dos mares.” (Salmo 8.4-8).


O domínio pertence a Jesus, pois tudo foi posto debaixo dos seus pés.


“Ao único Deus sábio, Salvador nosso, seja glória e majestade, domínio e poder, agora, e para todo o sempre. Amém.” (Judas 1.25).


“Tu o fizeste um pouco menor do que os anjos, De glória e de honra o coroaste, E o constituíste sobre as obras de tuas mãos; Todas as coisas lhe sujeitaste debaixo dos pés. Ora, visto que lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou que lhe não esteja sujeito. Mas agora ainda não vemos que todas as coisas lhe estejam sujeitas.” (Hebreus 2.7-8).


A bênção de Deus dada a humanidade foi frutificar e multiplicar, e em povoar a terra está o ‘sujeitai-a’, e não em estabelecer governos, quer sejam laicos ou teocráticos. O domínio aos homens é sobre os animais que se movem no mar, na terra e no ar, e não que Deus tenha em preferência um governo.


“E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.” (Gêneses 1.28).


Quem acredita que uma imprecação ‘O Brasil é do Senhor Jesus’ há de estabelecer prosperidade e justiça social, se esquece que, embora ainda não vemos todas as coisas sujeitas a Cristo, o Pai já lhe sujeitou todas as coisas.


A única coisa que cabe ao cristão é almejar: ‘Maranata’!, o que não ocorre em marchas, passeatas e procissões por Jesus, vez que muitos não O amam de fato.


“Se alguém não ama ao Senhor Jesus Cristo, seja anátema. Maranata!” (1 Coríntios 16.22);


“Se me amais, guardai os meus mandamentos.” (João 14.15).


Está reservado aos cristãos a coroa da justiça, e não o domínio sobre homens ímpios. Quem busca implantar um reino e dominar em nome do evangelho, na verdade, é inimigo do evangelho, pois só pensa nas coisas terrenas.


“Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas. Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas.” (Filipenses 3.18-21).


“Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.” (2 Timóteo 4.8).


Os adeptos da Teologia do Domínio estão mais perdidos que Simão no momento que cortou a orelha de Malco, pois estão em uma luta inglória, como se Cristo fosse incapaz de estabelecer o seu próprio domínio.


“E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha. Então Jesus disse-lhe: Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão. Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos? Como, pois, se cumpririam as Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça?” (Mateus 26.51-54).


Qualquer que lançar mão da política sob o argumento de que é necessário estabelecer domínio dos cristãos sobre outras pessoas, através da política perecerão, pois se esquecem que os cristãos devem se sujeitar as autoridades constituídas.


“TODA a alma esteja sujeita às potestades superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus.” (Romanos 13.1).


À época dos apóstolos, os judaizantes eram sectários, e segundo uma doutrina carnal, se insurgiram contra Roma. O apóstolo Pedro descreveu os judeus como atrevidos, obstinados e que não se refreavam quando falavam das dignidades.


“Mas principalmente aqueles que segundo a carne andam em concupiscências de imundícia, e desprezam as autoridades; atrevidos, obstinados, não receando blasfemar das dignidades;” (2 Pedro 2.10).


Os judaizantes prometiam aos seus ouvintes liberdade, contudo, eles mesmos eram escravos do pecado (2 Pedro 2.20).


De tudo o que foi analisado e exposto, não significa que os cristãos estão alijados das questões da nação, até porque gozam de cidadania. Entretanto, apesar de o crente poder se manifestar a favor ou contra um sistema de governo, partido ou candidato, que faça como cidadão, e não como cristão.


“Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus.” (1 Coríntios 10.32);


“Não dando nós escândalo em coisa alguma, para que o nosso ministério não seja censurado;” (2 Coríntios 6.3).


No que depender do cristão, deve procurar ter paz com todos os homens, pois somente através do evangelho de Cristo é possível aos homens se tornarem herança, o povo de Deus.


“Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.” (Romanos 12.18).