sábado, 27 de fevereiro de 2016

BATALHA ESPIRITUAL E MALDIÇÃO HEREDITÁRIA

Texto base: Jr 31.29-30 e 2Co 5.17-18


(Jeremias 31:29-30) - Naqueles dias nunca mais dirão: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram. Mas cada um morrerá pela sua iniquidade; de todo o homem que comer as uvas verdes os dentes se embotarão.

(II Coríntios 5:17-18) - Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação.

Em muitas Igrejas Evangélicas, está havendo abuso quanto ao uso do termo “batalha espiritual e maldição hereditária”. Parece que tudo que acontece de errado só pode ter um culpado: o maligno. Estão dando muito crédito e poder a Satanás, esquecendo que Deus deve ser o centro do culto e nunca o inimigo. Muitas vezes fala-se mais em “Belial” do que em Deus durante as pregações. Às vezes até parece que o "Pai da Mentira" é onipresente, pois muitas igrejas em diferentes lugares reclamam de sua presença nas reuniões, no mesmo dia e horário.

Já existem ministérios de “batalha espiritual”, e não são poucas as igrejas e pastores que recorrem a este pessoal, procurando explicações para vários problemas entre seus membros.

Sabemos que existe batalha espiritual, mas não se pode generalizar. Antes de colocar culpa no mundo espiritual, deve-se procurar descobrir se não existem problemas no mundo material. Afinal somos humanos e muitos erros são cometidos, e esses erros ocasionam problemas muitas vezes de difícil solução.

Então antes de colocar a culpa nos espíritos ou no maligno, procure ver se os seus problemas ou de sua Igreja não são consequência de suas atitudes, talvez encontre com facilidade a resposta para muitos conflitos. Deveríamos fazer uma auto-avaliação, sem justificativas, sem nos colocarmos acima dos problemas, sem nos acharmos “super crentes”. Procuremos ver se não somos injustos ou intempestivos com alguns dos nossos irmãos. Muitas vezes este tipo de coisa que parece mínima vai “minando” a comunhão entre os irmãos, vai trazendo esfriamento espiritual, tristeza e até afastamento dos atingidos, e isto não pode ser creditado como “batalha espiritual”.

Muitos pastores, para validar suas teorias sobre "Batalha Espiritual", criaram os tais "demônios territoriais", quer dizer, cada rua do bairro é dominado por um demônio. E saem ungindo placas de rua, esquinas e tudo que encontram pela frente. Tudo é válido para "amarrar" o poder que o tal demônio tem sobre uma determinada área da cidade.
Os ministérios de luta contra “maldição hereditária”, também enchem Igrejas. Aproveitam a falta de conhecimento bíblico das pessoas e fazem verdadeiras barbaridades em nome da libertação do suposto “maldito”.

Mas se formos procurar base bíblica para este tipo de ensino, não encontraremos com facilidade pontos a serem defendidos. O que a Bíblia nos ensina é que os filhos não são culpados dos pecados dos pais, como está escrito em Jeremias 31:29-30: "Naqueles dias nunca mais dirão: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram. Mas cada um morrerá pela sua iniquidade". Ou ainda como escreve Paulo na Epístola aos Coríntios deixando claro que quando a pessoa aceita a Jesus, todo passado é apagado: "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação (2Co 5:17-18)".

Geralmente o texto bíblico usado pelos que defendem a maldição hereditária está em Êxodo 20.5, vamos ler: "Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam". Mas veja o final do versículo: "daqueles que me odeiam".

Então a maldição recairá sobre os que odeiam o Senhor. Desde que alguém aceita servir a Deus, está declarando que o ama. Então não há nenhuma maldição a ser quebrada.

Em Deuteronômio 23.3, os moabitas são amaldiçoados pelo Senhor: "Nenhum amonita nem moabita entrará na congregação do SENHOR; nem ainda a sua décima geração entrará na congregação do SENHOR eternamente". Mas quando Rute declarou a Noemi que o Deus dela também seria o seu Deus (Rt 1.16), ela não precisou passar por nenhuma sessão de quebra de maldição para ser aceita pelo povo de Israel e por Deus. Rute faz parte da genealogia de Jesus (Mt 1.5).

Fica claro que a simples aceitação de Jesus como Salvador e Senhor, já é a quebra de qualquer tipo de maldição que possa existir.

Quando servimos a Deus, não podemos ser tocados pelo maligno. Mas em muitas igrejas, após a conversão a pessoa passa por sessões de “quebra de maldição”, quando a única preocupação deveria ser com o ensinamento bíblico. Porém nestas Igrejas, não há Escola Bíblica.

De onde vem está doutrina de “quebra de maldição” ou “descarrego”? Sabemos que existem citações bíblicas sobre o assunto, mas isto não serve de respaldo para que vire doutrina e cause este pandemônio no meio evangélico. Na Igreja Primitiva não havia isso, tanto é que não temos nenhuma citação sobre o assunto em Atos dos Apóstolos ou nas Epístolas. Na Igreja Primitiva o novo convertido era batizado e passava a fazer parte da Igreja, seu passado era esquecido. Paulo era um perseguidor ferrenho da Igreja. Se fosse hoje, ele teria que passar por sessões de libertação e “descarrego”, caso pertencesse a algumas dessas igrejas.

Que cada um faça a parte que lhe cabe, e sempre que não conseguir concluir a tarefa que se propôs, peça a ajuda de Deus, peça ao Senhor sabedoria, veja onde você está falhando, e porque está falhando. Não esqueça que nós podemos ter dificuldades em áreas que a nossa preparação foi mínima ou nenhuma. Não é porque você serve a Deus, que tudo lhe será facilitado, muitas vitórias você conseguirá com dificuldades. Mas isso não pode ser creditado como "batalha espiritual”. Muitas vezes Deus está querendo lhe ensinar a valorizar o que é colocado em suas mãos. Ele sabe que só damos valor ao que é conquistado com dificuldade. 


J. DIAS

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