Serie: Porque não "catamos certas músicas".
ANALISANDO AS MÚSICAS CANTADAS EM NOSSAS IGREJAS
Música: Restitui (Toque No Altar)
Letra:
Os planos que foram embora
O sonho que se perdeu
O que era festa e agora
É luto do que já morreu
Não podes pensar que este é o teu fim
Não é o que Deus planejou
Levante-se do chão!
Erga um clamor!
Restitui!
Eu quero de volta o que é meu
Sara-me!
E põe teu azeite em minha dor
Restitui!
E leva-me às águas tranqüilas
Lava-me!
E refrigera minha alma
Restitui!..
E o tempo que roubado foi
Não poderá se comparar
A tudo aquilo que o Senhor
Tem preparado ao que clamar
Creia porque o poder de um clamor
Pode ressuscitar!...
Análise:
Está musica é um verdadeiro clássico contemporâneo. Todos a
conhecem, todos a cantam, todos choram ordenando a Deus que restitua o que nos
pertence.
A música se divide claramente em duas partes: a primeira
contempla as duas estrofes e, semelhantemente ao que ocorre com Jó, algum amigo
busca confortar, com conselhos e soluções, um determinado irmão que
aparentemente passou por perdas.
A segunda parte trata-se do refrão, onde o irmão aconselhado
ergue um clamor, segundo o que seu amigo aconselhou. É ai que reside a confusão
maior.
No refrão encontramos palavras absolutamente anátemas. O
primeiro verso diz: “Restitui! Eu quero de volta o que é meu”. Que absurdo!
Como um servo pode se dirigir a Deus dessa forma? Não é bem isso que o
Evangelho nos ensina:
“assim também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se
fazer sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, hoje
te gerei; como também em outro lugar diz: Tu és sacerdote para sempre, segundo
a ordem de Melquisedeque. O qual nos dias da sua carne, tendo oferecido, com
grande clamor e lágrimas, orações e SÚPLICAS ao que podia livrar da morte, e
tendo sido ouvido por causa da sua REVERÊNCIA, ainda que era Filho, aprendeu a
obediência por meio daquilo que sofreu”. (Hebreus 5:5-7)
Percebem o que de fato é um clamor? Bem diferente do “clamor
erguido” desta música delirante. Que tipo de reverência possui alguém que exige
de Deus a restituição do que, por conta própria, acha que tem direito? E, mesmo
que tivéssemos algum direito, seria com exigências a Deus que os
conquistaríamos?
"Porque diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me
aprouver ter misericórdia, e terei compaixão de quem me aprouver ter
compaixão". (Romanos 9:15)
Não vejo necessidade de análises adicionais para uma canção
absolutamente apócrifa como esta, um clássico do movimento gospel brasileiro e
que reflete muito bem a situação de desapego à Palavra de Deus que esta geração
tem sofrido.
Ruy Cavalcante/adaptação Daniel Santos
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