O mundo acompanhou
ansiosamente o que aconteceu no Oriente Médio em maio de 1948. Naquela época,
70 anos atrás, o mandato britânico de ocupação do que então era chamado de
Palestina estava terminando, e a guerra era iminente. No ano anterior, as
Nações Unidas haviam autorizado a criação de um Estado judeu independente numa
parte dos territórios ocupados. As nações árabes ao redor tinham jurado impedir
isso a todo custo. “A linha de partilha proposta não será nada mais que uma
linha de fogo e sangue”, alertou a Liga Árabe.
Era sexta-feira, 14 de maio de
1948, 4 horas da tarde. As últimas horas do mandato britânico estavam
se esgotando. No Museu de Tel-Aviv, 350 pessoas que haviam sido convidadas
secretamente estavam presentes para ouvir um anúncio muito aguardado: a
declaração oficial de que a atual nação de Israel se tornaria um Estado
independente. A segurança havia sido reforçada para evitar que os vários
inimigos do recém-formado Estado interferissem no evento.
David Ben-Gurion, líder do Conselho Nacional de
Israel, leu a Declaração do Estabelecimento do Estado de
Israel. Ela dizia, em parte: “Nós, membros do Conselho do Povo,
representantes da Comunidade Judaica de Eretz-Israel [Palestina]
. . . por virtude de nossos direitos naturais e históricos e pela
força da resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, aqui declaramos o
estabelecimento do Estado judeu em Eretz-Israel, a ser conhecido como Estado de
Israel.”
Cumprimento de uma profecia bíblica?
Alguns protestantes acreditam que a formação
do atual Estado de Israel cumpriu uma profecia bíblica. Por exemplo, no
livro Jerusalem Countdown (Contagem Regressiva para
Jerusalém), o clérigo John Hagee diz: “Essa ocasião momentosa foi registrada
pelo profeta Isaías, quando disse: ‘Uma nação nascerá num só dia. ’ (Veja Isaías 66:8.)
. . . Foi o momento mais significativo da história profética do
século 20. Constituiu uma evidência clara a todos os homens de que o Deus
de Israel ainda existe.”
Essa declaração está correta? Isaías 66:8 predisse
mesmo o estabelecimento do atual Estado de Israel? Será que o dia 14 de
maio de 1948 foi “o momento mais significativo da história profética do
século 20”? Se o atual Estado de Israel ainda é a nação escolhida de Deus,
e se ele o está usando para cumprir profecias bíblicas, isso com certeza é de
interesse para estudantes da Bíblia em toda parte.
A profecia de Isaías diz: Quem jamais ouviu tal coisa? Quem viu coisas
semelhantes? Poder-se-ia fazer nascer uma terra num só dia? Nasceria uma nação
de uma só vez? Mas Sião esteve de parto e já deu à luz seus filhos.
(Isaías 66:8) Esse versículo prediz claramente o nascimento repentino de uma nação inteira, como que num só dia. Mas quem causaria esse nascimento? O versículo seguinte dá uma ideia: Abriria eu a madre, e não geraria? diz o Senhor; geraria eu, e fecharia a madre? diz o teu Deus.Isaías 66:9
(Isaías 66:8) Esse versículo prediz claramente o nascimento repentino de uma nação inteira, como que num só dia. Mas quem causaria esse nascimento? O versículo seguinte dá uma ideia: Abriria eu a madre, e não geraria? diz o Senhor; geraria eu, e fecharia a madre? diz o teu Deus.Isaías 66:9
O Senhor deixa claro que seria ele quem causaria o nascimento dramático da nação.
O governo do Israel atual é uma democracia secular que oficialmente não afirma confiar
no Deus da Bíblia. Será que os israelenses em 1948 deram o crédito a Deus pela formação do Estado de Israel? Não,
eles não fizeram isso. Nem o nome de Deus nem sequer a palavra “Deus” foram
mencionados no texto original da declaração. O livro Great Moments in Jewish History (Grandes Momentos
da História Judaica) diz sobre o texto final: “Mesmo à 1 hora da tarde,
quando o Conselho Nacional se reuniu, seus membros não conseguiam entrar num
acordo sobre que palavras usar na declaração do estabelecimento do Estado.
. . . Judeus conservadores queriam que fosse feita uma referência ao
‘Deus de Israel’. Os secularistas não concordaram. Ben-Gurion cedeu e decidiu
que seria usada a palavra ‘Rocha’ em vez de ‘Deus’.”
Até hoje, o atual Estado de Israel baseia
sua reivindicação de Estado numa resolução da ONU e no que chama de direitos
naturais e históricos do povo judeu. Seria razoável esperar que o Deus
da Bíblia realizasse o maior milagre profético do século 20 a favor de um
povo que se recusa a dar-lhe o crédito por isso?
Com o que se pode comparar a atual reivindicação de
Estado?
Essa postura secular do Israel atual se contrasta
nitidamente com o que ocorreu em 537 A.C. Naquele ano, a nação de Israel de
fato ‘renasceu’ como que num só dia, depois de ter sido devastada e despovoada
pelos babilônios 70 anos antes. Naquela época, Isaías 66:8 se
cumpriu de modo notável quando Ciro, o Grande, o rei persa que havia
conquistado Babilônia, autorizou o retorno dos judeus à sua terra natal.
— Esdras 1:2.
O Rei Ciro reconheceu que Deus
estava por trás do que ocorreu em 537 a.c, e os que retornaram a Jerusalém
fizeram isso com o objetivo específico de restaurar a adoração de Deus e de reconstruir Seu templo. O
atual Estado de Israel nunca declarou oficialmente nenhum desejo ou intenção
nesse sentido.
Ainda é a nação escolhida de Deus?
No ano 33 d.c, a nação de Israel perdeu o
direito de afirmar ser a nação escolhida de Deus quando rejeitou o Filho de
Deus, o Messias. O próprio Messias expressou isso da seguinte forma: Jerusalém,
Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados. . .
“Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta”; (Mateus 23:37, 38)
Essa declaração de Jesus se cumpriu em 70 d.c quando as legiões romanas
destruíram Jerusalém e seu templo, e puseram fim ao sacerdócio. Mas o que
aconteceria com o propósito de Deus de ter uma “propriedade especial dentre
todos os outros povos, . . . um reino de sacerdotes e uma nação
santa”? — Êxodo 19:5, 6.
O apóstolo Pedro, ele mesmo um judeu natural,
respondeu a essa pergunta numa carta escrita aos cristãos — tanto gentios como
judeus. Ele escreveu: “Vós sois ‘raça escolhida, sacerdócio real, nação santa,
povo para propriedade especial’, . . . porque vós, outrora, não éreis
povo, mas agora sois povo de Deus; vós éreis aqueles a quem não se mostrara
misericórdia, mas agora sois os a quem se mostrou misericórdia.” — 1 Pedro 2:7-10.
Assim, os cristãos escolhidos pelo Espirito Santo
pertencem a uma nação espiritual, e
sua condição de membros dessa nação não é determinada por nascimento ou por
localização geográfica. O apóstolo Paulo falou desse assunto da seguinte
maneira: “Nem a circuncisão é alguma coisa nem a incircuncisão, mas sim uma
nova criação. E todos os que andarem ordeiramente segundo esta regra de
conduta, sobre estes haja paz e misericórdia, sim, sobre o Israel de Deus.”
— Gálatas 6:15, 16.
Ao passo que a atual nação de Israel oferece
cidadania a qualquer judeu natural ou converso, a cidadania no que a Bíblia
chama de “Israel de Deus” só é dada aos que são ‘obedientes e aspergidos com o
sangue de Jesus Cristo’. (1 Pedro 1:1, 2)
Referindo-se a esses membros do Israel de Deus, ou judeus espirituais, Paulo
escreveu: “Não é judeu aquele que o é por fora, nem é circuncisão aquela que a
é por fora, na carne. Mas judeu é aquele que o é no íntimo, e a sua circuncisão
é a do coração, por espírito, e não por um código escrito. O louvor desse não
vem de homens, mas de Deus.” — Romanos 2:28, 29.
Esse texto nos ajuda a entender um comentário
polêmico feito por Paulo. Em sua carta aos romanos, ele comparou os judeus
naturais descrentes a ramos de uma oliveira simbólica que haviam sido cortados
para que se pudesse enxertar nela “ramos” gentios ‘bravos’, ou seja, não
cultivados. (Romanos 11:17-21)
Na conclusão dessa ilustração, Paulo disse: “A obtusão das sensibilidades
aconteceu em parte a Israel, até que tenha entrado o pleno número de pessoas
das nações, e desta maneira é que todo o Israel será salvo.” (Romanos 11:25, 26)
Será que Paulo estava predizendo que em algum momento os judeus se converteriam
em massa ao cristianismo? Pode-se ver claramente que essa conversão não
aconteceu.
Com a expressão “todo o Israel”, Paulo se referia a
todo o Israel espiritual — cristãos
escolhidos pelo Espírito Santo. Ele estava dizendo que o fato de os judeus
naturais não ter aceitado o Messias não impediria o cumprimento do propósito de
Deus de ter uma ‘oliveira’ espiritual cheia de ramos produtivos. Isso está em
harmonia com a ilustração de Jesus em que ele se compara a uma videira com
ramos improdutivos que seriam cortados. Jesus disse: “Eu sou a verdadeira
videira e meu Pai é o lavrador. Todo ramo em mim que não dá fruto, ele tira, e
todo o que dá fruto, ele limpa, para que dê mais fruto.” — João 15:1, 2.
Portanto,
a formação do atual Estado de Israel não foi predita na Bíblia, mas
a formação da nação do Israel espiritual com certeza foi. Se você identificar
essa nação espiritual hoje e se associar com ela pela fé em Cristo Jesus,
receberá bênçãos eternas. — Gênesis 22:15-18; Gálatas 3:8, 9.
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