Feliz a nação cujo Deus é o Senhor se aplica ao Brasil?
Salmo 33
10 O Senhor desfaz o conselho das nações, anula
os intentos dos povos.
11 O conselho do Senhor permanece para sempre, e os intentos do seu coração por
todas as gerações.12 Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o Senhor, o povo que
ele escolheu para sua herança.
Por meio desta passagem os evangélicos pensam que é
indispensável, é imprescindível, ter um representante cristão (que na realidade
quer dizer evangélico mesmo, com igreja, cobertura espiritual e de preferência
com um cargo eclesiástico) para que Deus abençoe um país. O que ocorre
primeiramente é que eles pensam em colocar um representante de sua igreja, que
defenderá sua igreja e, para corroborar isto, eles distorcem passagens bíblicas
para tornar suas opiniões, e intenções, espirituais, e convencer os membros do
quão importante é eles votarem no candidato que seu pastor escolheu.
Então, para deixar as coisas claras para os cristãos
evangélicos, principalmente os neopentecostais, autores da distorção desta
passagem citada, vamos estudar um pouco o real sentido desta passagem.
O primeiro conceito a ser estudado é quem escreveu e em que
tempo. O livro de Salmos situa-se no antigo testamento e apresenta a maioria de
seus conceitos baseadas na lei, na antiga aliança. De acordo então com a antiga
aliança, Israel era a nação escolhida por Deus, e a única nação cujo deus era o
Senhor dos Exércitos, Jeová Senhor. É por isso que a Bíblia declara que Deus
escolheu como nação santa, povo de propriedade exclusiva do Senhor a nação de
Israel.
Êxodo 19
5 Agora, pois, se atentamente ouvirdes a minha voz e
guardardes o meu pacto, então sereis a minha possessão peculiar dentre todos os
povos, porque minha é toda a terra;
6 e vós sereis para mim reino sacerdotal e nação santa. São estas as palavras
que falarás aos filhos de Israel.
Deuteronômio 7
6 Porque tu és povo santo ao Senhor teu Deus; o Senhor
teu Deus te escolheu, a fim de lhe seres o seu próprio povo, acima de todos os
povos que há sobre a terra.
Mas lembre que isto se refere à velha aliança. Quando Davi
escreveu, ele estava na velha aliança, baseado nela, e ele se referia
exclusivamente a Israel, a herança de Deus. Como a nação de Israel não
obedeceu, eles quebraram esta aliança. Mas e agora? Será que esta passagem pode
ser aplicada no tempo da graça? Se sim, de que forma?
Nos dias de hoje ela pode ser aplicada no conceito de não
existência de uma nação, mas de um povo. É neste sentido que poderemos
interpretar o verso doze. Com o tempo da graça, se tornou verdade o que diz a
passagem de Paulo no qual afirma não haver judeu nem gentio diante de Deus,
pois todos são um só povo.
Romanos 10
12 Porquanto não há distinção entre judeu e grego;
porque o mesmo Senhor o é de todos, rico para com todos os que o invocam.
Romanos 3
29 É porventura Deus somente dos judeus? Não é também
dos gentios? Também dos gentios, certamente,
Para o tempo da graça não há diante de Deus limites
territoriais, seja de raça, local de nascimento, ou sexo. Só há divisão entre
filhos e escravos, justos e ímpios, santos e pecadores. Neste sentido, a
passagem que fala de povo se estende a todos aqueles que são filhos de Deus e
pertencem à sua noiva, a Igreja. Quando se diz nação temos que levar em
consideração a passagem de Pedro que diz:
I Pedro 2
7 E assim para vós, os que credes, é a preciosidade;
mas para os descrentes, a pedra que os edificadores rejeitaram, esta foi posta
como a principal da esquina,
8 e: Como uma pedra de tropeço e rocha de escândalo; porque tropeçam na
palavra, sendo desobedientes; para o que também foram destinados.
9 Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo
adquirido, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas
para a sua maravilhosa luz;
Logo dizer que feliz é a nação cujo Deus é o Senhor quando
se está na graça para se referir a grupos territoriais ou Estados- nação é um
verdadeiro atentado a verdade do evangelho, que afirma que Deus não é Senhor de
um Estado, mas de um povo, que é a sua Igreja, seu Corpo, formado por todos os
seus filhos, que não possui limites raciais ou territoriais.
Espero que todos tenham entendido esta passagem e que quando
algum pastor chegar querendo usá-la para defender a candidatura de alguém que
se diz cristão, como quando ocorreu uma vez em certo congresso, no qual por
causa do pronunciamento de um político que disse “feliz é a nação cujo Deus é o
Senhor”, o líder de uma igreja disse que todas as igrejas debaixo da cobertura
dele deveriam apoiar a candidatura deste político, pois ele seria um bom
instrumento diante de Deus. Detalhe: o político em questão não era cristão.
Como a nação será abençoada como eles dizem?
Pense querido irmão, não se deixe ser enganado por estas
distorções bíblicas. Quando algum evangélico usar textos bíblicos para
justificar sua entrada na política, ou para te convencer a votar em um
determinado candidato, não se submeta à vontade dele.
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